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Olimpíadas 2016 centralizaram os debates no CFM

III Fórum de Medicina do Esporte debateu atuação médica nas Olimpíadas 2016

forum_medicina_esporteA atuação dos médicos brasileiros e estrangeiros durante as Olimpíadas 2016, o credenciamento de profissionais no Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) para atuar durante a competição e as condições de infraestrutura para a realização de atendimentos médicos na capital carioca foram alguns dos assuntos debatidos no III Fórum de Medicina do Esporte, promovido na terça-feira (05.07), pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em Brasília. Outros temas também foram abordados, como a emissão de atestados médicos para a prática desportivas e as resoluções 1.833/08 e 2.012/13 que tratam, respectivamente, da organização de serviços médicos em instituições esportivas e dos equipamentos necessários para a realização de grandes eventos.

O primeiro painel teve como expositor o diretor médico adjunto dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, Marcelo Patrício, que falou sobre a “Preparação Médica para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro – Desafios e Oportunidades”. O debatedor foi o coordenador médico do Comitê Paralímpico Brasileiro, Roberto Vital. Em sua fala, Marcelo Patrício mostrou como estão os preparativos para o atendimento médico dos atletas e delegações e como funcionará a policlínica instalada na Vila Olímpica. Também mostrou como estão sendo realizados os treinamentos dos profissionais e revelou que a maioria da força de trabalho médica será formada por voluntários. A apresentação de Marcelo Patrício pode ser acessada aqui.

Para o coordenador médico do Comitê Paraolímpico Brasileiro, Roberto Vital, as Olímpiadas são eventos que envolvem várias nuances, a serem observadas pelos organizadores. “Estamos nos preparando para dar o melhor atendimento possível, até porque esta é uma característica do brasileiro, mas há variáveis que não podemos controlar, como mortes súbitas de atletas, o uso de drogas e a possibilidade de infecção por doenças infecto-contagiosas”, ponderou.

Dopping – A expositora seguinte foi a médica da Agência Brasileira de Combate ao Doping Sandra Soldan, que mostrou como serão realizados os testes antidoping. “Quando termina a competição, começa o nosso trabalho. A nossa expectativa é que todos os dias as análises terminem por volta das 2h da manhã”, contou.

Apesar do descredenciamento em junho passado do Laboratório Brasileiro de Controle de Dopping (LBCD) pela Agência Mundial Antidopping (Wada), Sandra acredita que a instituição brasileira será habilitada para as Olimpíadas 2016. “Foi construído um prédio só para abrigar o laboratório e o maquinário é de excelente qualidade. O nosso interesse é pelo recadastramento”, afirmou. Caso não haja a reabilitação, os cerca de 300 exames diários deverão ser analisados em outros países, o que aumentará os custos operacionais.

Sandra listou os produtos que estão proscritos e que não podem ser usados pelos atletas, mas afirmou que apesar do controle maior, devem ser detectados nas Olímpiadas 2016 cerca de 12 casos positivos de dopping. “Há mais oferta de produtos no mercado e quando há muito dinheiro envolvido, maior a corrupção”, lamentou. A apresentação de Sandra Soldan pode ser acessada aqui.

Legados – As Olímpiadas 2016 também foram abordadas pelo corregedor do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) e membro da Câmara Técnica de Medicina do Esporte do CFM, Renato Graça, responsável pelo painel “Aplicação prática da Resolução 2.012/13 na organização de grandes eventos e o legado da Copa do Mundo 2014 para a saúde do Rio de Janeiro”. A Resolução 2012/13 trata da organização médica em eventos, disciplinando a infraestrutura física e material para assistência ao público e da atuação do médico estrangeiro que esteja acompanhando suas delegações no Brasil.

Renato Graça explicou os limites de atuação do médico estrangeiro, que pode atender no máximo três delegações e num prazo determinado, e quais os seus limites de atuação no caso de o atleta precisar de uma intervenção cirúrgica. Também explicou como os médicos brasileiros com registros em outros estados e que acompanham equipes olímpicas deverão fazer para atuar no Rio de Janeiro no período das Olímpiadas ou de outros eventos esportivos. “É simples: basta que o CRM de origem encaminhe por fax ou por email para o Cremerj o nome do médico e seu registro no CRM, indicando o período em que ele vai atuar, que a autorização será concedida. Este médico não precisará ir ao Cremerj. A nossa intenção é desburocratizar”, enfatizou.

Quanto ao legado da Copa 2014 e das Olímpiadas 2016, Graça informou que as obras viárias vão permanecer, assim como o Museu do Amanhã, na parte cultural, mas muito pouco ficará para a cidade na área da saúde. “Da Copa ficaram as macas e umas mochilas com desfibriladores que são usadas pelas equipes de saúde no Maracanã. Para as Olímpiadas, a nossa reivindicação era de que fosse construído um hospital na Vila Olímpica, permanecendo para atender a região de Jacarepaguá, mas nem isso foi possível. A Policlínica que vai atender os atletas é uma tenda, a ser desmanchada após o evento. Estamos tentando deixar na cidade, pelo menos, os equipamentos que serão usados”, relatou. A apresentação, na íntegra, pode ser acessada aqui.

Como debatedor do painel, o conselheiro federal pelo Rio de Janeiro, Sidnei Ferreira, mostrou a situação caótica da saúde no Rio de Janeiro detectada em fiscalizações realizadas pelo Cremerj. “Tenho certeza que os atletas serão bem atendidos e que daremos uma atenção de excelência, mas a população e o turista que precisar de serviços médicos irá sofrer. Se hoje faltam insumos básicos e a situação mais comum é de pacientes sendo atendidos em corredores, imagine com o acréscimo de 1 milhão de turistas”, prognosticou. Acesse, aqui, a apresentação de Sidnei Ferreira.

O conselheiro federal Dalvélio Madruga, que coordenou o painel sobre a aplicação da Resolução 2.012/13 na organização de grandes eventos, mostrou-se preocupado com a saúde no Rio de Janeiro. “Estamos a 30 dias para o início das Olímpiadas 2016 e pelo que o Sidnei nos mostrou, espero que Deus, como brasileiro que dizem ser, nos proteja no período”, afirmou.

Para o diretor de Fiscalização do CFM e coordenador da Câmara Técnica de Medicina do Esporte, Emmanuel Fortes, o legado dos grandes eventos esportivos foi a constatação da necessidade de se fiscalizar as condições de trabalho dos médicos nesses locais e nos clubes. “Quando começamos no CFM, já tínhamos um bom ponto de partida, a Resolução CFM 1833/08, tão bem relatada por Marco Antonio Becker, que regulamenta os serviços médicos em instituições esportivas e deu densidade à medicina do esporte, mas ficou para a Câmara Técnica regulamentar os locais e equipamentos que os médicos iam atuar. Foi o que fizemos com as Resoluções nº 2.056/13 e nº 2.012/13”, afirmou.

Fortes enfatizou que a segurança do ato médico começa com a presença de insumos necessários para que ele realize seu trabalho e que as resoluções do CFM têm o objetivo de garantir as melhores condições de trabalho do médico.