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Para levantar a autoestima

Maquiadores, esteticistas e cabeleireiros se juntaram para iluminar o dia de mulheres atendidas no Hospital de Câncer

IMG_8075Em menos de duas horas a manicure Juliana José da Silva, 31 anos, passou por uma transformação. Chegou ao Espaço Renascer, no Hospital de Câncer de Pernambuco, no Recife, ontem, após mais uma sessão de fisioterapia, rotina desde o fim do ano passado, quando começou a tratar um câncer de mama. A cara de tristeza, com direito a choro ao contar sua história, foi trocada por um sorriso. Lápis, batom, brilhos, sombra, sobrancelhas desenhadas com hena, cílios postiços levantaram o astral e reforçaram o desejo de vencer o tumor. Voltou radiante para casa, em Chã de Alegria, Zona da Mata, a 56 quilômetros do Recife.

Maquiadores, esteticistas e cabeleireiros voluntários se juntaram para melhorar a autoestima de mulheres atendidas no HCP. Inicialmente a proposta era visitar o local uma vez, o que aconteceu em maio. Gostaram tanto da experiência que tornaram a iniciativa permanente. Duas vezes por mês, a partir de agora, estarão lá para maquiar e pentear pacientes, acompanhantes e até funcionárias. O próximo encontro será dia 24.

“Era apenas uma atividade do curso do Senac. Depois decidimos criar o projeto Beleza pela Vida. Estaremos no HCP uma quinta e um domingo por mês”, contou o professor de maquiagem, penteado e design de sobrancelhas do Senac, Sílvio Braga, que perdeu a mãe dois meses atrás vítima de câncer no pulmão. “Isso me incentivou ainda mais a desenvolver esse projeto”, comentou Sílvio. “É gratificante participar. Resgatamos a vaidade das mulheres”, observou o maquiador Allan Chaves.

Juliana descobriu o tumor há um ano. Percebeu um nódulo no seio esquerda quando estava grávida do terceiro filho. Comentou com a médica que fazia seu pré-natal, mas sequer foi examinada. Depois que o garoto nasceu outro profissional detectou a doença. Em dezembro ela passou por cirurgia para retirar a mama. Três vezes por semana vai ao HCP para sessões de quimioterapia, fisioterapia e coleta de sangue. O câncer de mama é o mais incidente na população feminina mundial e brasileira, sendo o segundo tipo de câncer mais frequente no planeta.

Maria Lourdes de Moraes, 72, sabe o que Juliana está passando. Viveu história parecida cinco anos atrás. Perdeu a mama direita. Mas não se desesperou. Foram 16 sessões de quimioterapia e 34 de radioterapia. “Sou realista. Não chorei e coloquei tudo na mão de Deus. Deu certo, fiquei curada”, comentou, enquanto esperava a maquiagem. Antes fez limpeza de pele e colocou hena nas sobrancelhas.

“Não gosto de avestruz, que vive com a cabeça baixa, dentro da areia. Temos que nos amar, aconteça o que acontecer. Acho ótima uma ação como essa porque saímos mais bonitas e felizes”, afirmou Lourdes. Viúva, ela vai reconstruir a mama ainda este ano. “Não queria fazer, mas o médico me estimulou. Estou viva não é? Então vamos lá”.