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Menina Abusada ganha multiplicador

Formado por jovens de Sapé (PB) o grupo de teatro Sapekando Arte é o primeiro multiplicador da peça criada pelo grupo Roda Mundo. Município de Surubim assistiu o espetáculo na praça da Matriz

Passava do meio-dia da quarta-feira, 25 de abril, quando o Grupo de Teatro Sapekando Arte formado por voluntários e apoiado pela Curadoria da Infância e Adolescência e Conselho Tutelar de Sapé (PB) entrou na praça da Matriz, na cidade de Surubim, para apresentação da peça Menina Abusada.

De autoria do grupo pernambucano de teatro Roda Mundo, o “Menina Abusada” é um espetáculo de teatro popular que foi produzido com o objetivo de ser mais um instrumento para combater a exploração sexual de crianças e adolescentes. Desde agosto de 2005 vem sendo apresentado em locais públicos, escolas, faculdades e em cidades do sertão pernambucano. As apresentações continuam pelo interior de Pernambuco, onde o índice da prática (abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes) é crescente.

No ar uma clima de expectativa entre os participantes. Apesar de ser a sétima apresentação parecia como se fosse a primeira vez. Mesmo assim, o som da caixa de percussão, o canto e a coreografia dos 10 jovens voluntários do grupo deixavam o tempo passar despercebido. No céu azul infinito, o sol forte e tipicamente nordestino se impõe sob olhares inquietos de estudantes, donas-de-casa, aposentados, comerciantes, taxistas e profissionais liberais. O microfone do carro de som foi aberto e as câmaras fotográficas registravam aquele momento mágico. Os espaços eram ocupados na praça, lojas, farmácias e no primeiro andar da pousada da cidade.

Quase 12h30. Começa o espetáculo. Sob forte calor, os jovens impressionavam pelo entusiasmo e comunicação do texto. A “Menina Abusada” encarnava personagens de um cotidiano não tão distante, expressando sonhos e hipocrisias que cercam a sociedade que vivemos. Cada adolescente, com o brilho nos olhos, fazia daquela peça um momento raro de conscientização e informação. A interpretação fluiu e o espetáculo ganhou asas da imaginação.

Ao término da apresentação, o grupo recebeu os aplausos merecidos do público. Cansados, mas recompensados, eles sentiram de perto o carinho e o reconhecimento pela qualidade de apresentação. Próxima de uma área coberta da praça, como se fosse um coreto, o funcionário público Valdir José Junior, 35 anos, conversava com seu filho Paulinho e traduzia cada palavra dos atores e atrizes. “Essa peça não é uma simples denúncia sobre exploração sexual e abusos e sim um alerta do que está acontecendo com as crianças e adolescentes no Brasil..” salientou. Uma aula de cidadania acima de tudo. Para a vendedora Maria do Carmo Souza, 25 anos, foi uma bonita apresentação que chamou a atenção pela forma simples de dizer verdades com frases abertas. “ Gostei e muito da apresentação. O grupo está de parabéns porque passou o recado com segurança” afirmou.

Quem não conseguia esconder a alegria de assistir os adolescentes em cena foi a promotora de Justiça Fabiana Maria Lobo. Atuando na cidade de Sapé, ela acompanhou o “Sapekando Arte” durante a viagem de mais de duas horas até Surubim. Pura felicidade e orgulho pelo sucesso da apresentação. Fabiana Lobo disse que a idéia de levar a “Menina Abusada” para aquela cidade paraibana surgiu quando assistiu o espetáculo, através do Grupo Roda Mundo, do Conselho Regional de Medicina (Cremepe). Algo diferente e essencial. “ É extremamente importante conscientizar a população sobre esse problema da exploração sexual contra crianças e adolescentes. Mostrar o outro lado do problema com uma linguagem acessível à população.” enfatizou.

Para quem não sabe, a promotora conseguiu desbaratar recentemente uma rede de prostituição infantil naquela cidade paraibana. Na teia do crime estavam empresários, comerciantes e vereadores que faziam programas com adolescentes sob encomenda. De acordo com a promotora, ela e o delegado Alan Murilo têm sido alvos de ameaças anônimas. Fabiana já denunciou sete envolvidos, que tiveram prisão decretada pelo juiz da 2ª Vara de Sapé, Antonio Carneiro de Paiva Destes, apenas dois estão presos até o momento: o comerciante Moacir Viegas Filho, acusado do crime de corrupção de menores e a doméstica Lúcia de Fátima Silva de Carvalho, denunciada por submeter criança ou adolescente à prostituição e exploração sexual. Ela é mãe da estudante Danyelle Silva, que foi denunciada por agenciar e aliciar menores para a prostituição e também teve a prisão preventiva decretada, porém está foragida

Na denúncia, feita pelo Ministério Público, Danyelle Silva e a mãe, Lúcia de Fátima, foram denunciadas por submeter criança ou adolescente à prostituição e exploração sexual, crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, que prevê pena de 4 a 10 anos de reclusão e multa, como também, Erinaldo Francisco, Romildo Martins e José Alberto de Souza, incorreram no mesmo crime. A estudante Danyelle Silva, foi denunciada, após ser apurado por meio de depoimentos prestados na polícia civil de Sapé, que durante o período entre 2005 e 2006, ela aliciava e agenciava adolescentes carentes com idades entre 13 e 17 anos, para que realizassem encontros sexuais.

As denúncias apontam que por cada programa era cobrado um preço que variava entre R$ 20 e 100, onde Danyelle recebia a maior parte, entregando o restante para a adolescente que se submetera ao encontro sexual. Sem dúvida alguma, uma triste realidade que domina muitas cidades e famílias no País. Entretanto, precisa ser denunciada, sem medo de ser feliz. Em diferentes lugares do Brasil, crianças são exploradas sexualmente em bares, restaurantes, hotéis, postos de gasolina, pensões, etc. Não é somente com ajuda e campanhas dos Governos que a realidade pode ser modificada. É necessário que a sociedade participe e lute cada vez mais. O que pode ser feito: é denunciar – ligue grátis 100.

Da Assessoria de Comunicação do Cremepe.
Texto: Chico Carlos, da Assessoria de Imprensa do Simepe.