O aquecimento global já é uma realidade, atinge principalmente as populações menos favorecidas e os médicos podem ter um papel fundamental no combate ao efeito estufa. Essa afirmação foi feita na tarde de quinta-feira (27), no plenário do Conselho Federal de Medicina (CFM), pelo clínico geral Henrique Grunspun, governador no Brasil do American College of Physicians, entidade que congrega os médicos de medicina interna dos Estados Unidos.
Gruspun, que é médico no hospital Alberto Einstein, explicou que recentemente o American College of Physicians aprovou um documento (position paper) em que relata os problemas causados pelo aquecimento global para a saúde da população e pede o apoio dos médicos no convencimento à população. Crianças, idosos, doentes crônicos e as populações dos países em desenvolvimento são os mais atingidos.
Segundo o clínico geral, o aquecimento global está relacionado a doenças relacionadas ao calor (desidratação), problemas respiratórios e cardiovasculares (asma e alergias), aumento da prevalência de doenças transmitidas por vetores (malária, chikungunya, dengue, zika e outras) e pela água (cólera e lepstospirose), falta de segurança na qualidade alimentar devido à diminuição na produção de alimentos e aumento das doenças mentais provocadas por migrações ocasionadas por secas ou enchentes.
O setor saúde, segundo o representante do American College of Physicians, é o segundo maior consumidor de energia, atrás somente indústria alimentícia, sendo que os hospitais produzem grandes quantidades de lixo, sendo expressivos emissores de gases do efeito estufa. A entidade americana recomenda a adoção de uma série de medidas pelo setor saúde, como a eficiência no uso de energia e de água, a reciclagem e compostagem de lixo, a compra de alimentos de época e por produtores locais e a redução no consumo de proteínas. Sugere, ainda, que os médicos realizem trabalhos de convencimento junto a seus pacientes visando o consumo consciente.
“A profissão médica, sendo uma fonte objetiva e confiável de informações dos efeitos das alterações climáticas sobre a saúde, deve estar na linha de frente na oportunidade de fazer da Terra um lar sustentável para as futuras gerações” defendeu.
O presidente do CFM, Carlos Vital, afirmou que a autarquia, por meio da Comissão de Assuntos Parlamentares (CAP), vai trabalhar pela aprovação de proposições que ajudem a reduzir o aquecimento global. “Entendemos que é de responsabilidade de todos nós defendermos este planeta azul em que vivemos”, argumentou. Vital lembrou, no entanto, que os países do Primeiro Mundo têm uma obrigatoriedade maior, já que são os maiores poluidores.
O 2º vice-presidente do CFM, Jecé Brandão, fez uma fala semelhante. “O primeiro desafio será convencer o homem médio americano e alemão a abrir mão do seu estilo de vida, altamente poluente. De toda forma, nós, médicos brasileiros, não nos furtamos a fazer um trabalho artesanal de conscientização ecológica”, disse.
Acesse aqui a apresentação feita por Henrique Gruspun.