A temática da Síndrome de Burnout está cada vez mais presente no contexto laboral dos médicos americanos. Os médicos mais jovens são os que apresentam maiores níveis de exaustão emocional e perda de realização profissional. O assunto foi um dos destaques da Assembleia Geral Ordinária da Confederação Médica Latino-Ibero-Americana e do Caribe (Confemel), em Brasília (DF).
Carga horária muito elevada é uma das justificativas. Segundo o presidente da Federação dos Conselhos Médicos dos Estados Unidos da América (FSMB), Arthur Hengerer, a realidade é que muitos médicos têm dificuldade em suportar as exigências excessivas e a elevada pressão da função. Muitos trabalham diariamente desmotivados e com riscos reais de esgotamento.
“Os médicos trabalham cada vez mais submetidos a uma burocracia enorme. Falta controle do seu ambiente que, tradicionalmente, já é caótico. Falta respeito, equidade e existem muitos conflitos de valores. Tudo isso deixa o profissional muito exposto e o stress coloca o médico em uma situação que não o permite decidir o que é melhor para o paciente”, disse.
Para ele, a estigmatização da doença faz o profissional não procurar ajuda e agravar o caso. “Ninguém quer mostrar fraqueza. Nos Estados Unidos, temos trabalhado para que as faculdades coloquem esse assunto na graduação, conversem com os jovens, ofereçam ajuda e, acima de tudo, tirem essa estigmatização”.
Hengerer ainda chamou atenção para o número de suicídios cometidos por médicos é até cinco vezes maior do que a população geral. E, diferente do observado na população geral, o problema atinge em sua maioria os jovens com idade média de 45 anos. “As causas levantadas para o aumento do índice de suicídio entre os médicos são desde depressão maior, abuso de substâncias como álcool e drogas, além de aspectos relacionados ao exercício da profissão como o medo de errar”.
Como solução, o palestrante sugeriu uma série de passos. Entre eles, reconhecer “a falta da autonomia e procurar ajuda imediata”.
Dopping no esporte – O presidente do Colégio Médico da Espanha (OMC), Juan José Sendin, chamou atenção dos participantes para o uso de drogas que reforçam o desempenho desportivo. Segundo ele, os médicos precisam ficar atentos aos atletas populares que estão consumindo substâncias para pequenos eventos. “Infelizmente há grupos de atletas que utilizam drogas para melhores desempenhos até em provas populares. Muitas, inclusive, não sabem dos prejuízos das mesmas”.
Sendin ressaltou que mesmos os médicos clínicos (que não trabalham constantemente com medicina do esporte) devam ficar atentos à questão. “O doping está incorporado no dia a dia do atleta, muitas vezes influenciado por treinadores. Mesmo uma pessoa que só pratique uma corrida de rua ou uma academia é influenciada a expandir seus limites”.
Outro problema apontado por ele são os atletas que incorram o doping sem querer, ao tomar um medicamento que contenha substâncias proibidas sem sabê-lo. “Às vezes a dopagem passa despercebida, nem mesmo o atleta sabe, porque cada vez se receita mais e vendas mascaradas. O médico tem função primordial para a detecção e orientação”.