Vinte e oito de março de 2018. Uma data que a funcionária pública Benise Barros, 57 anos, tem na ponta da língua. Foi neste dia que saiu o diagnostico de diabetes. Um dia depois do aniversário. Com o diagnóstico, além do susto, o desafio de conseguir controlar a doença, que, segundo o Ministério da Saúde (MS) tem crescido entre as mulheres recifenses.
A Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) divulgou esta semana que houve um aumento de 54,3%, entre 2006 e 2017, de mulheres da capital pernambucana com diagnóstico médico de diabetes. Há 11 anos, as pacientes identificadas com a doença na cidade eram de 5,7%, e passaram para 8,8%. Em relação ao resto do País, as recifenses ocupam, atualmente, o terceiro maior percentual da doença, ficando atrás do Rio de Janeiro e de Vitória.
Benise Barros relembra que, antes do resultado positivo, a única coisa que parecia incomum eram crises de dor de cabeça recorrentes. “De rotina, fui a ginecologista que pediu uma série de exames. Um acabou indicando alteração na glicose e ela já passou um remédio. Procurei uma endocrinologista que confirmou. Ela já me disse que não há cura, mas tem controle. Como sou uma pessoa focada, a meta é controlar com o tempo apenas com a minha alimentação”, contou.
A professora Paula Vêlozo, 47, também faz parte do grupo das diabéticas recifenses. “Descobri depois da minha gravidez. Depois do diagnóstico, fiquei naquela fase de achar que isso não estava acontecendo comigo, não acreditava, nem aceitava”, relembrou. Hoje dependente de insulina, a professora disse fazer acompanhamento médico regular, ter mudado hábitos de vida e alimentação para contornar os efeitos e riscos da enfermidade em longo prazo.
A preocupação não é à toa. Segundo o MS, entre 2010 e 2016, o diabetes já matou 25.869 pessoas em Pernambuco. De acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), o número teve alta de 13,7%. Foram 3.595 mortes, em 2010, e 4.090 em 2016.
“O diabetes, assim como a hipertensão e o colesterol alto, pode ser evitado, desde que hábitos saudáveis, como uma alimentação adequada e a prática de atividade física, sejam adotados. O objetivo do Vigitel é monitorar anualmente esses fatores de risco e proteção para doenças crônicas e, com isso, acompanhar indicadores de saúde que dão subsídio a formulação e reformulação de políticas públicas”, declarou a representante do MS, Marta Coelho. O levantamento federal ainda apontou que o Sistema de Informações Hospitalares (SIH) verificou queda de 30% da quantidade de internações saindo de 7.546 em 2010 para 5.352, em 2016.
Homens – O percentual de homens com diagnóstico de diabetes entre 2006 e 2017 aumentou 8%. Na comparação com as demais capitais brasileiras, os homens recifenses apresentaram a sétima menor taxa de diagnóstico médico de diabetes, em 2017. No geral, Recife aparece como uma das capitais com o maior número de pessoas com diabetes do Brasil, com 7,3% da população com a enfermidade.
Tipos – Existem três tipos de diabetes. O tipo1 tem causa é desconhecida e muitos casos iniciam na infância. As pessoas que vivem com essa doença precisam da administração diária de insulina para sobreviver. O tipo 2 é o mais popular e, geralmente, é resultado de má alimentação e sedentarismo. Já o terceiro tipo é a diabetes gestacional considerada uma condição temporária, mas que deve deixar alerta as mulheres, pois abre uma porta para a do tipo 2.