O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Carlos Vital, foi homenageado na abertura do II Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina 2018 (II ENCM2018), realizado em Brasília de 12 a 14 de setembro. “Estamos aqui irmanados numa saudação ao prezado colega que nos preside – e a fazemos com muito carinho, respeito e enorme dose de humanismo, quer no sentido filosófico-cultural ou no ético-científico”, destacou Nelson Grisard, presidente do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC) – representando todos os presidentes de CRMs.
Em referência a Pernambuco, estado de Carlos Vital, e ao empenho do dirigente frente à atuação internacional do CFM, Grisard continuou: “não vamos falar do rio das capivaras, nem de Vitória de Santo Antão – cidade pioneira na medicina familiar comunitária –, nem da antiga faculdade de medicina do Recife. Não falaremos dos seus elogiáveis esforços pela medicina e pelos médicos das comunidades lusófonas: além do Brasil, Portugal, Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. Estamos todos, seus colegas de juramento hipocrático, vocacionados na mesma profissão, humildes no exercício, fiéis ao sigilo, à técnica e à ética, unidos num abraço afetuoso e fraterno, pleno de amizade e admiração”.
Também homenageado com uma placa entregue pela presidente do CRM-PI, Mirian Perpétua Parente, o presidente do CFM afirmou que “esta homenagem é uma gratíssima surpresa que vem de amigos e toca fundo no lado esquerdo do peito. Se algum mérito tenho em recebe-la, divido com as senhoras e os senhores com quem fui enriquecido no convívio diária da atividade no Conselho”. Vital mencionou ainda sua família: “faço um agradecimento também à minha esposa, filhos e netos pela compreensão e amor dedicados a mim por todos esses anos em que me permitiram exercer a vida conselhal”.
Unificação – A mesa de abertura do II ENCM 2018 teve a presença dos presidentes das Federações Nacional dos Médicos (Fenam) e Federação Médica Brasileira, da Associação Médica Brasileira (AMB), além do CFM – reforçando a importância de atuação conjunta das entidades. “Esta mesa reflete a unificação da classe médica. Nossa prioridade é o médico e a medicina porque os pontos de divergência são secundários”, afirmou Jorge Darze (Fenam).
Lincoln Ferreira (AMB) destacou: “é um momento de celebração que, apesar de todas as dificuldades, tivemos a maturidade de nos entendermos enquanto classe para estabelecermos uma atuação conjunta. E a proposta da categoria médica, hoje unificada, reflete um redesenho da assistência em saúde e nós médicos não podemos nos furtar, enquanto lideranças, desse processo de aperfeiçoamento da democracia”.
Para Waldir Cardoso (FMB), “é um privilégio de participar deste momento no nosso sistema conselhal e, como lideranças, devemos refletir sobre período eleitoral vivido no Brasil e temos a obrigação cidadã de discutir”, destacando sua preocupação com a adesão médica a candidaturas autocráticas.
O presidente do CFM relembrou que, em junho deste ano, “cerca de trezentas lideranças participaram do XIII Encontro Nacional das Entidades Médicas e, a partir de suas conclusões, foi elaborado o Manifesto dos Médicos em Defesa da Saúde, que agrega um conjunto de 39 propostas exequíveis – de curto, médio e longo prazos”. Carlos Vital comunicou aos presentes que, devido ao trabalho conjunto de elaboração desse manifesto, tanto o Ministério do Trabalho quanto o da Saúde convidaram as entidades médicas a compor grupos de trabalho para definição de políticas públicas.
Reflexões – A primeira conferência do II Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina 2018 foi ministrada pelo médico, teólogo e professor Aníbal Gil Lopes sobre competência e humanidade. “Medicina é competência e humanidade, é ciência e arte. Temos a profissão regulamentada, corrigida, atualizada e acompanhada pelos Conselhos de Medicina, mas a origem não está na medicina que conhecemos hoje. Antes, éramos capazes de exercer a medicina em sua totalidade, independentemente de especialidade. Nos últimos 60 e 70 anos, no entanto, o perfil do exercício médico mudou”, pontuou Lopes levantando o debate sobre atuação irrestrita do médico a partir da graduação.
“O que um aluno deve saber ao terminar o curso são elementos fundamentais para sua atividade, instrumentos essenciais para qualquer área de atuação e eixos de pensamento do raciocínio clínico e cirúrgico. Estabelecer e cumprir um currículo médico contemporâneo que contemple as diferentes áreas e especialidades é humanamente impossível e isso tem sido causa frequente de dificuldades. Entendo ser a hora de discutir este aspecto extremamente polêmico, mas, mesmo que se mantenha a posição atual, é necessário que se compreenda a evolução da medicina”, destacou o conferencista.
O IIENCM 2018 está sendo realizado na sede do CFM, em Brasília, e reúne dirigentes dos Conselhos de Medicina até sexta-feira.