A construção de parcerias e o fortalecimento do diálogo podem ser soluções para o Sistema de Saúde Suplementar. Esta foi a tônica dos debates realizados na segunda edição do Fórum da Comissão de Saúde Suplementar, que acontece nesta quarta-feira (27), em Brasília (DF). No evento, promovido pela Comissão de Saúde Suplementar (Comsu) do Conselho Federal de Medicina (CFM), médicos de todo o Brasil retomaram as discussões sobre os desafios e perspectivas de avanço na área.
Durante a solenidade de abertura, o presidente do CFM enfatizou o papel da autarquia na defesa do médico como prestador de serviço essencial ao funcionamento dos planos de saúde. “Entendemos ser fundamental que esse sistema funcione com base em lastros técnicos e éticos, garantindo a preservação de princípios como o sigilo das informações e o respeito à autonomia dos pacientes. De modo complementar, defendemos que o médico seja um profissional valorizado, que receba honorários justos, tenha condições de trabalho adequadas e também que receba o devido respeito das operadoras às suas decisões nos processos de diagnóstico e tratamento de doenças”.
Ao saudar os presentes, Vital destacou ainda que o Fórum promovido pela Comsu configura mais uma oportunidade de diálogo entre os protagonistas da Saúde Suplementar – beneficiários, prestadores de serviço e operadoras. “Ao aprofundarmos as discussões sobre os diversos temas do setor, buscamos também caminhos para a questão-chave que norteia esse evento, isto é, a busca por uma resposta sobre a pertinência da construção de parcerias neste segmento assistencial”.
Na mesma perspectiva, o coordenador do Comsu, Salomão Rodrigues, reforçou a importância do diálogo como um dos caminhos para o fortalecimento deste setor tão importante para milhões de famílias brasileiras. “O médico tem um papel extremamente importante neste segmento, não apenas na assistência, mas também como auditor dos planos de saúde. Precisamos defender permanentemente o equilíbrio e a harmonia entre os protagonistas da saúde suplementar. Só isso trará a necessária estabilidade do sistema, melhorando a qualidade dos serviços assistenciais”, pontuou.
Dados do setor – Após a abertura oficial do evento, o diretor de Normas e Habilitação dos Produtos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Rogério Scarabel, apresentou a conferência “Papel da ANS na construção de parcerias entre os protagonistas do Sistema de Saúde Suplementar”. Em sua fala, ressaltou os principais números do setor, destacando a representatividade da saúde suplementar na economia brasileira.
Atualmente, cerca de 47 milhões de brasileiros (25% da população) possuem planos de assistência médica. Em 2018, o segmento movimentou mais de R$ 150 bilhões, que foram utilizados para cobrir as chamadas despesas assistenciais. “O diálogo entre os atores, no propósito de se chegar na construção de um modelo de gestão e um sistema de serviço, com escuta atenta focada aos resultados em saúde que realmente importam ao paciente, com custos justos para a entrega destes resultados, irá possibilitar a sustentabilidade do setor”, destacou Scarabel.
“Os números apresentados são impressionantes e exigem profunda reflexão sobre os rumos do setor”, reconhece Donizetti Giamberardino, conselheiro federal e membro da Comsu. Segundo ele, no entanto, apesar das informações disponibilizadas pela Agência, ainda falta transparência no que diz respeito ao quantitativo de médicos que prestam serviço às operadoras e também sobre remuneração destes profissionais.
“Ao olhar as estratégias propostas na Agenda Regulatória da ANS para os próximos anos, vemos claramente duas linhas de defesa: a da sustentabilidade do setor (para operadoras) e a de uma melhor qualidade na assistência (para beneficiários). O médico tem sido colocado apenas como um componente dos produtos oferecidos pelas operadoras. Nessa cadeia assistencial, o médico precisa ser valorizado e precisamos do apoio da ANS para equilibrar esta relação”.
Oportunidade ou utopia – Ainda pela manhã, médicos e membros da Federação Brasileira de Hospitais (FBH), da United Health Group Brasil e da GE Brasil apresentaram suas visões, a partir de uma pergunta norteadora: “a construção de parcerias é uma oportunidade ou utopia?”. Por todas as perspectivas, os participantes convergiram para a constatação de que essa parceria é uma necessidade.
A visão do médico foi apresentada pelo conselheiro federal e também membro da Comsu, Jeancarlo Cavalcante. Na sequência, o diretor da FBH, Leonardo Gigliotti Barberes, apresentou o ponto de vista dos hospitais sobre o tema. Márcia Agoti, gerente de Programas de Saúde da América Latina (GE), representou a visão do beneficiário, enquanto a diretora de relações internacionais da United, Laís Perazo, pontuou a expectativa das operadoras neste contexto.