Com imenso pesar o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) lamenta o falecimento do médico cardiologista Rostand Paraíso (CRM-PE 45), ocorrido na noite de ontem (09/07). O decano da Cardiologia em Pernambuco era um homem moldado para servir e trabalhar intensamente na melhoria da nossa sociedade. Referência na cardiologia do Estado, formou inúmeros especialistas e destacava-se pelo humanismo no exercício da profissão, além de escritor consagrado. O velório será nesta quarta-feira (10/07), a partir das 9h na Academia de Letras e o sepultamento às 13h30 no cemitério Parque das flores, em Tejipió.
Formou-se em Medicina no Recife, em 1953, e dedicou-se à cardiologia e ao ensino. Poucos anos após a graduação, recebeu bolsa de estudos da Fundação Rockfeller, indo para a Universidade Tulane em Nova Orleans. Foi um dos primeiros professores assistentes na Segunda Cadeira de Clínica Médica, Enfermaria Santo Anselmo do Hospital Pedro II. As suas aulas eram das mais concorridas, além de dar aulas na Faculdade de Ciências Médicas. Assim, fica impossível determinar o número de cardiologistas que ele ajudou a formar, tal a quantidade de ex-alunos seus espalhados em quase todo Brasil. Teve como aliados ao seu extenso conhecimento médico, a candura, a delicadeza e o recato, que juntos fizeram dele um homem da Paz. De enorme dedicação aos pacientes, tinha sua presença sempre festejada pelos familiares, pelos colegas e pela enfermagem.
Seguindo a carreira médica, Rostand teve ativa participação no progresso da Cardiologia em Pernambuco, pois que foi fundador do Prontocor. Nessa época se desenvolveu em Recife o atendimento emergencial aos pacientes com Infarto do Miocárdio. Na década seguinte foi um entusiasta da cirurgia coronária com Pontes de Safena, associando-se ao Dr. Carlos Moraes na fundação do Instituto do Coração de Pernambuco, em funcionamento no Hospital Português.
Dr. Rostand dedicou-se à Literatura, firmando-se como escritor consagrado com mais de quinze livros. Ele tinha cadeira na Academia Pernambucana de Letras, onde também foi presidente. Em entrevista dada a este Conselho para o Livro Memórias da Medicina (1ª Edição) destacou “que um médico não pode saber só de medicina. Ele tem que ter tempo para ler outras coisas. Isso ajuda muito no exercício da medicina. A humanidade, o humanismo, vem às vezes desse conhecimento geral que ele tem”. Os livros que escreveu trazem suas memórias que reteve do Recife dos anos quarenta e cinquenta. Um escritor cuidadoso, na forma e no conteúdo. Pesquisava arquivos de jornais, tomava depoimento de antigos próceres. Seus livros são perenes em acordo com a máxima de que A vida é curta, mas a Arte, longa.