De 22 a 26 de julho, o Hospital das Clínicas (HC/UFPE) e o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP) recebem o Mutirão Nacional contra o Câncer Colorretal. A ação social, promovida pela Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED) em 17 cidades do Brasil, visa mobilizar a população e o poder público para a criação de um Programa Nacional de Prevenção do Câncer Colorretal. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o país registra 36 mil novos casos da doença por ano, sendo 1.060 em Pernambuco.
Para o médico endoscopista André Novaes, presidente da SOBED no estado, a colonoscopia é importante no rastreamento de lesões pré-malignas que podem levar ao desenvolvimento do câncer colorretal. “É relevante nosso estado participar dessa ação nacional que visa conscientizar o poder público, os médicos e a população para a prevenção desse tipo de tumor”.
“É muito triste morrer de uma doença prevenível”, alerta o Dr. Lix Alfredo Reis de Oliveira, diretor de Ações Sociais da SOBED. Não é para menos. Segundo o especialista, 80% dos casos poderiam ser evitados, com exames preventivos. “Quando o paciente apresenta sintomas é porque a doença já está em estágio mais avançado. Isso poderia ser identificado por meio do exame preventivo, feito a partir dos 50 anos, quando o pólipo ainda é uma lesão ou o câncer está na fase inicial”.
Médicos endoscopistas vão atender cerca de 100 pacientes pré-selecionados no Sistema Único de Saúde (SUS), durante o mutirão de colonoscopia em Pernambuco. “O exame permite o diagnóstico precoce da doença, com melhores resultados quanto ao prognóstico”, diz o Dr. Marcelo Averbach, presidente da Comissão de Ações Sociais da SOBED.
Por um Programa Nacional de Prevenção do Câncer Colorretal
Apesar de existirem diretrizes clínicas elaboradas pela SOBED e já aprovadas pela Associação Médica Brasileira (AMB), os profissionais não são obrigados a seguirem as recomendações, ainda que sejam baseadas em evidências científicas e que norteiam o exercício da profissão do endoscopista digestivo.
“É necessária a indicação correta da colonoscopia no SUS e nos convênios de saúde. Atualmente, há pessoas que realizam exames duas vezes por ano e que estão ocupando o lugar de outro paciente que aguarda na fila”, diz Oliveira. O especialista explica que o câncer colorretal é uma doença lenta que se origina a partir de pólipos (lesões na região do cólon e reto) e leva anos para se desenvolver. Por isso, o exame não precisa ser feito em intervalos curtos de tempo.
A colonoscopia é a forma mais segura para identificar possíveis lesões e tumores colorretais, porém é a mais invasiva. Outros exames de rastreio, como a pesquisa de sangue oculto por método imunohistoquímico (FIT), que são menos invasivos, também podem identificar indiretamente o câncer em fase inicial. Esses exames também são recomendados pela SOBED.
Segundo o Dr. Lix Alfredo Reis de Oliveira, se houvesse um programa nacional, seria possível evitar análises desnecessárias ou tardias. “O exame feito sem necessidade não acrescenta em nada ao paciente e ainda o coloca em risco. Por isso a colonoscopia só deve ser feita se realmente for indicada seguindo diretrizes, uma vez que o benefício é maior que o risco”, explica.
Empenhada para a criação de um Programa Nacional para Prevenção do Câncer Colorretal, a diretoria da SOBED irá se reunir com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em busca de apoio governamental para a implementação do programa em âmbito nacional. Além da sociedade civil como um todo, o objetivo do mutirão nacional é a conscientização da prevenção de médicos especialistas e profissionais da área da saúde.