O presidente e o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), Maurício Matos e Mário Jorge Lôbo, participaram, na tarde desta segunda-feira (14/02) da audiência virtual promovida pela Ministério Público de Pernambuco (MPPE) sobre a situação do Hospital da Mulher do Recife (HMR), que, devido a problemas de superlotação, falta de materiais e insumos e disparidade salarial, recebeu o pedido de demissão coletiva de 30 médicos obstetras que atendem na unidade. O encontro foi conduzido pelas promotoras de justiça Eleonora Rodrigues e Helena Capela e contou com a participação da Secretária de Saúde do Recife, Luciana Albuquerque, acompanhada pela equipe técnica da pasta, da diretora do HMR, Isabela Coutinho, da diretora técnica, Cinthia Komuro e, representando o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), a presidente, Claudia Beatriz, o vice-presidente, Walber Steffano.
Inaugurado em 2016, o Hospital da Mulher do Recife, localizado no Curado, na Zona Oeste da cidade, é uma unidade de grande porte instalada em uma área de 30 mil m². Segundo a gestão do Hospital, no último mês de janeiro foram realizados, em média 600 procedimentos e 488 partos. São, ao todo, 66 médicos com escalas deficitárias. Ainda de acordo com a diretoria do HMR e Secretaria de Saúde do Recife, está sendo realizada a sexta seleção simplificada, desde 2020, com o objetivo de solucionar o problema que afeta diretamente a assistência prestada às pacientes.
Foi destacado ainda, que o HMR recebe pacientes não somente da capital pernambucana e sim, também, dos municípios vizinhos, o que impacta diretamente na superlotação do serviço. São duas salas de cirurgia, 150 leitos ao todo, sendo 21 voltados para pacientes de alto risco e 10 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
“O Cremepe está preocupado com a assistência materno-infantil no estado de Pernambuco. Essa precarização da assistência com a desresponsabilização de algumas prefeituras é um dos fatores responsáveis pelo problema que temos hoje no Hospital da Mulher, uma vez que 66% dos atendimentos realizados na unidade não são de pacientes do Recife”, pontuou o presidente do autarquia.
FISCALIZAÇÃO
Na manhã desta segunda-feira (14/02), a equipe de fiscalização do Conselho vistoriou o Hospital e constatou que havia quatro plantonistas, número inferior ao ideal para a prestação de assistência à população. Segundo o presidente da autarquia, foi também pontuado que não há equipe separada para atendimento exclusivo para as pacientes acometidas pela COVID-19. Ainda de acordo com Maurício Matos, o relatório de fiscalização será devidamente encaminhado à gestão da unidade.
Será realizada uma nova audiência na próxima quarta-feira (23/02), em que serão ouvidas as proposições da Secretaria Municipal de Saúde e em que será estabelecido o dimensionamento adequado da equipe de plantão.