Na manhã desta quarta-feira (03/08), diretores do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) se reuniram, de forma remota, com a diretora técnica do Hospital Dom Malan (HDM), de Petrolina. A unidade é referência na assistência materna da região, assistindo pacientes de mais de 53 municípios. “O HDM é a unidade com maior número de partos do Estado, praticamente 600 por mês, e precisamos da quantidade de profissionais adequada para garantir a assistência à população”, explicou o presidente do Cremepe, Maurício Matos.
A reunião foi convocada por conta do crescente número de documentos médicos se referindo a dobra de plantões. De acordo com a diretora da unidade, os plantões são compostos por 4 plantonistas, porém no domingo dia o plantão está com 3 profissionais. “Não há médicos para suprir as necessidades”, sinalizou a diretora da maternidade.
O 1º Secretário do Cremepe, André Dubeux, que responde pela fiscalização da autarquia disse que os problemas na unidade não são novos. “O grande problema sempre foi a demanda excessiva, sobrecarga de trabalho, mas o que está chamando a atenção dessa vez são os recursos humanos”, pontuou, emendando com o questionamento do “Por que os profissionais não estão querendo trabalhar no hospital?”.
De acordo com a gestora, a obstetrícia em Petrolina é um problema crônico. “A demanda é excessiva, a sobrecarga de trabalho é grande. A maternidade de Juazeiro não supre a demanda e encaminha as pacientes para o Dom Malan, sem regulação, além disso, de 40 a 50% dos nossos partos são de baixo risco, mesmo sendo um serviço para alto risco”, explicou.
Outro problema que piora a situação é que desde maio de 2020 que a licitação da Organização Social que gere a maternidade venceu e não foi renovada. Assim, o repasse não é ajustado e não é possível modificar os valores salariais, mesmo a gestora já tendo solicitado à secretaria Estadual de Saúde, como uma forma de atrair profissionais. A responsável técnica do serviço também disse que solicitou concurso público da SES para completar a escala de plantão. “A gente está muito empenhado e já pedimos ajuda ao Estado”, disse.
Na opinião da Secretária-Geral do Conselho, que também participou da reunião, Zilda Cavalcanti, essa situação só será resolvida com o aumento do número de médicos no serviço.
Após a discussão ficou deliberado que seria solicitada uma reunião com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), secretarias de saúde do Estado e Município, além da superintendência do hospital para discutir as maneiras de adequação dos recursos humanos da maternidade. O presidente do Cremepe disse que já adiantaria a pauta com o secretário de Saúde do Estado, André Longo. “O que eu sinto é a “desresponsabilização” dos entes envolvidos, então precisa que se reúna todo mundo para conseguir resolver essa situação do Hospital Dom Malan”, finalizou Matos.