Na maioria dos estados e capitais, os gestores responsáveis pela administração da fila têm dados parciais sobre a demanda reprimida ou nem sequer os possuem. Em muitos casos, essa responsabilidade pela regulação é transferida aos hospitais, que definem suas próprias prioridades. Esse desafio passou a ter atenção especial em maio deste ano, quando o Ministério da Saúde anunciou uma estratégia para ampliação do acesso aos Procedimentos Cirúrgicos Eletivos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
A ideia do Ministério é adotar valores diferenciados para o pagamento de alguns procedimentos – uma espécie de incentivo financeiro para estados e municípios que aderissem à chamada “Fila Única” – e, assim, reduzir o tempo de espera por cirurgias por meio do atendimento de rotina ou por meio de mutirões. Até o momento, no entanto, a Fila Única do SUS não foi anunciada pelo Ministério da Saúde.
Um exemplo positivo de organização da fila foi identificado em Minas Gerais, onde, desde janeiro de 2016, foi criado o SUSfácilMG, funcionalidade que tem como objetivo traçar a demanda real do estado para acesso às cirurgias eletivas e diminuir a fragmentação das informações. Em Minas estão concentradas cerca de 54% das 801 mil cirurgias decla radas pelos estados brasileiros. O volume não indica, no entanto, que mais mineiros estejam na fila, mas sugere que a regulação naquele estado está melhor sistematizada, segundo explica a própria Secretaria de Saúde.
No estado mais populoso do País, São Paulo, a fila chega a quase 144 mil procedimentos. Curiosamente, um quarto da demanda do estado é de pacientes que residem na capital (25.544) e na cidade de Franca (10.053), uma das maiores do interior do estado. No estado, quase metade dos procedimentos mais demandados envolvem cirurgias de catarata, de vesícula e varizes. Confira no quadro as principais cirurgias em cada um dos estados.
Capitais – Entre as capitais que apresentaram os dados está São Paulo, onde constam quase 31 mil cirurgias pendentes. A grande maioria está concentrada na especialidade de ortopedia, sobretudo em cirurgias do joelho (11.679), pé e tornozelo (4.179), ombro e cotovelo (3.151) e pediatria (2.322). Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o objetivo é “zerar a fila de espera por meio do Corujão da Cirurgia, que teve seu início em maio e consiste em centros cirúrgicos de cinco hospitais realizarem operações 24 horas por dia, sete dias por semana”.
A Secretaria de São Paulo destacou ainda que, assim como em outras localidades, as informações apresentadas se referem a procedimentos pendentes, ou seja, um mesmo paciente pode estar mais de uma vez no arquivo, caso tenha uma solicitação com mais de um procedimento informado. “É necessário esclarecer que existe diferença entre o total de linhas e total de pacientes que de fato aguardam a cirurgia”, pontuou.
Em Belo Horizonte, uma das poucas cidades que unificaram dados sobre cirurgias numa central, cerca 25,9 mil cirurgias aguardam efetivação – 75% delas nas envolvendo o sistema osteomuscular, aparelho geniturinário ou em vias aéreas superiores, da face, cabeça e pescoço.