No Goiás, a cada dia desaparecem dez crianças e adolescentes. Preocupados com esta realidade, representantes dos Conselhos Federal e Regional de Medicina, Ministério Público Federal, Polícia Judiciária Civil e parentes de desaparecidos participaram, nesta terça-feira (18), em Goiânia (GO), de seminário para ampliar as discussões sobre este drama que se multiplica no Brasil.
Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado, nos últimos cinco anos 17.706 crianças e adolescentes foram dadas como desaparecidas no Goiás, uma média de 3.541 casos anuais. Segundo a titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Goiânia, Paula Meotti, há uma preocupação ainda maior: 80% dos desaparecimentos são do sexo feminino.
Caso como da empregada doméstica, Valdevina Ferreira da Costa, que há sete anos pela filha Thamiris que desapareceu aos 11 anos na cidade de Alexânia. “Deixei minha filha dormindo em casa para ir ao trabalho. Por volta das 11h, ela foi ao meu encontro e ao cruzar a esquina desapareceu. Alguns moradores a viram sendo colocada dentro de um veículo, mas nunca tivemos pistas sobre ela”, contou Valdevina em relato emocionado.
De acordo com dados compilados pelo CFM, estima-se que, no mundo, o total de casos de desaparecimento de crianças e adolescentes chega a 25 milhões. Durante o seminário em Goiânia, o integrante da Comissão de Ações Sociais do CFM, Ricardo Paiva, defendeu a adoção de políticas públicas no setor. “O número de crianças desaparecidas é muito maior do que as pessoas imaginam. No Brasil há uma estimativa de que sumam 50 mil por ano, mas o governo sequer tem esse dado preciso. Por isso é tão importante que os profissionais notifiquem qualquer tipo de alguma situação que possa indicar alguma irregularidade”, ressaltou o integrante da Comissão de Ações Sociais do CFM, Ricardo Paiva.
Paiva também chamou atenção para o protagonismo dos médicos e destacou a Recomendação CFM nº 4/2014 que alerta os profissionais sobre procedimentos que auxiliam na busca. “Na consulta o médico pode observar como o menor se comporta com o acompanhante, se tem marcas ou empatia, por exemplo”, ressaltou.