Um cataclisma nos hospitais públicos do Estado poderá inaugurar o ano novo dos cariocas. Depois de uma longa briga entre o Ministério Público (MP) estadual e o governo Rosinha Matheus, termina no dia 31 de dezembro o contrato de mais de 9 mil funcionários terceirizados deixando para os cidadãos, a partir do 1º de janeiro, a incerteza dos votos de ano novo. O futuro secretário de saúde, Sérgio Côrtes, diz ter como “maior receio” a falta dos funcionários que, inevitavelmente, estarão sem contrato no final de dezembro.
O Sindicato dos Trabalhadores da Saúde e da Previdência (SindsPrev) já prevê como certa a ausência de funcionários a partir do Natal.
Sem ser secretário não posso garantir nada. Não sei se no dia 1º de janeiro haverá pessoal ou material, não tenho acesso ao abastecimento disse Côrtes, durante cerimônia no Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio (Cremerj), na qual foram apresentados diversos dossiês sobre a situação da saúde no Estado.
Em abril deste ano, o MP obrigou o governo a promover concurso público, já que o contrato dos terceirizados que não têm direito a 13º salário, férias nem desconto no INSS terminaria em 31 de julho. O governo Rosinha, porém, conseguiu adiar o fim do contrato para 31 de dezembro deixando para o novo governo resolver a questão. Para a Secretaria de Saúde, o esquema especial montado todo fim de ano impedirá um colapso no período.
Para Côrtes, seria preciso uma garantia de 15 dias de trabalho dos terceirizados, mas nenhum acordo ainda foi proposto aos funcionários.
Segundo a diretora do SindisPrev, Clara Fonseca, uma comissão de intervenção do novo governo esteve ontem em hospitais da Zona Oeste apurando a situação.
Se não houver acerto, com certeza a maioria vai debandar disse Fonseca.
O problema do déficit de funcionários pode se acumular à falta de leitos, que já são menos de três mil nas emergências só na cidade do Rio, conforme relatório apresentado pelo representante do Rio no Conselho Federal de Medicina, Aloísio Tibiriçá.
Além disso, segundo o conselheiro do Cremerj Carlindo Silva, que elaborou um dossiê sobre a situação das emergências nos hospitais estaduais, há atualmente um déficit de 153 médicos das mais variadas especialidades no Rocha Faria, 93 no Getúlio Vargas, 48 no Carlos Chagas, 19 no Pedro II e oito no Albert Schweitzer. Segundo ele, a maternidade do Rocha Faria corre o risco de fechar ainda este ano por falta de funcionários.
São corriqueiras as denúncias de médicos que chegam às 8h, saem às 17h e não voltam mais disse Carlindo.
Tibiriçá defendeu um entrosamento entre os hospitais municipais, estaduais e federais, a fim de criar uma rede de saúde pública para diagnosticar as possibilidades de atendimento nas emergências. Côrtes anunciou que será criada uma superintendência especialmente para tratar o assunto. Outra providência a ser tomada pelo futuro secretário será a “humanização das emergências”, fazendo a limpeza da porta de entrada dos hospitais. Ele adiantou ainda que a Defesa Civil e o Grupamento de Socorro de Emergência dos Bombeiros serão integrados à Secretaria de Saúde, enquanto o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) será gerenciado pelos Bombeiros.
Da Assessoria de Comunicação do Cremepe.
Com Informações de Felipe Sáles do Jornal do Brasil (RJ).