Treze médicos residentes estão ameaçados de terem que abandonar a pós graduação em Pernambuco por conta da decisão da Fundação Altino Ventura (FAV) em se descredenciar do Programa Nacional de Residência Médica. A denúncia foi feita na manhã dessa quinta-feira (10.01) no Cremepe, por representantes dos residentes da FAV.
Alegando falta de interesse em manter ativa a residência em oftalmologia a Fundação informou à Secretaria Estadual de Saúde que a partir do dia 01 de fevereiro não vai mais manter os médicos em seu hospital de olhos.
Se a decisão seguir em frente os residentes terão que contar com a boa vontade de outros hospitais, em outros estados, que não têm obrigação de receber residentes de outras instituições.
”Estamos do lado dos residentes da FAV. Essa situação é inaceitável. Não se pode começar um programa de residência e não ter como dar continuidade ao mesmo” defendeu o presidente do Sindicato dos Médicos Mário Fernando Lins.
Jaques Ramos, residente do primeiro ano da FAV, acha que o desinteresse em manter os residentes na verdade é uma retaliação à paralização dos médicos residentes realizada no segundo semestre do ano passado. Segundo ele, durante o movimento foram descobertas algumas irregularidades dentro da FAV e os diretores não ficaram satisfeitos com a posição dos residentes. “Esse problema não existe mais. Se a Fundação tem um sistema de residência médica deve cumprir o que propõe, pelo menos até nós concluirmos o curso. Queremos permanecer em Pernambuco e nenhum outro Estado tem obrigação de nos absorver em seus hospitais”.
Segundo Jaques os residentes também não foram comunicados oficialmente da decisão pela Fundação. “Nós tomamos conhecimento do fato através da Comissão Estadual de Residência Médica”.
Pressionar a Secretaria Estadual de Saúde (SES) e pedir que o secretário se responsabilize, oferecendo alternativas para que os residentes possam concluir a pós em Pernambuco. Essa é uma das alternativas encontradas por Vitor Barreto, presidente da Associação Pernambucana dos Médicos Residentes (APMR). “Nós fazemos um apelo para que alguém sa SES se sensibilize e tome uma atitude. Se nada for feito a partir de 01 de fevereiro os residentes da Altino Ventura, que até então estavam cheios de certeza, ficarão soltos, sem saber o que fazer e para onde ir. Os pacientes também vão sofrer as conseqüências disso, já que a idéia da Fundação é colocar “especializandos” no lugar dos residentes”.
André Longo, vice-presidente do Cremepe e representante da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) explicou que a CNRM não tem outra alternativa a não ser fazer o descredenciamento da FAV para residência médica, já que o pedido foi feito pela própria Fundação. “Hoje o ideal era que houvesse um contrato entre a instituição e o Estado para, numa situação dessa, ter a quem cobrar”.
Sobre a abertura de cursos de especialização sem controle ou regulamentação Longo explicou que o Cremepe já pediu ao Conselho Federal de Medicina (CFM) que discipline a abertura desses cursos em todo o país.
O presidente do Cremepe, Carlos Vital, informou que a Secretaria Estadual de Saúde já foi notificada do problema. “Nós mandamos um documento ao secretário informando sobre a decisão da FAV e as consequências disso. Esperamos uma resposta o mais breve possível”.
Longas filas – Os residentes também denunciaram a demora nos atendimentos e na marcação de consultas na FAV. “As pessoas chegam a ficar mais de quatro horas numa fila e às vezes nem conseguem ser atendidas”, explica Jaques. Já o residente do segundo ano Luis Gustavo Cavalcanti bate mais forte. “É comum atendermos mais de 40 pacientes em quatro horas, quando a resolução do Cremepe limita em, no máximo, catorze pacientes nesse mesmo período”. Os médicos ainda informaram que setenta por cento do atendimento global de oftalmologia do Recife e RMR está concentrado na Fundação.
Há cerca de dois anos a Fundação Altino Ventura passou a ser a unidade de referência em atendimentos oftalmológicos de urgência. Antes o serviço era prestado pelo Hospital da Restauração.
Da Assessoria de Comunicação do Cremepe.
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